domingo, 26 de maio de 2013

E terminei...

Meses sem colocar aqui uma palavra...não quer dizer que abandonei o sonho de um Mundo melhor, longe disso. Apenas tive de escolher outros caminhos. Dizem que temos que cuidar de nós antes de sermos capazes de cuidar dos outros. Maybe. Just maybe...

Portem-se bem e sejam justos. Sempre!
Peace out!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Perspectivas...

Eu sei, eu sei. Há meses que não nasce nada aqui. As teias de aranha se instalaram, sem dúvida. Mas não morremos. Apenas mudamos. A explicação básica do silencio é que deixei de trabalhar diretamente com estes temas. Até hoje - e já passaram uns 6 meses, salvo erro - não sei se é "felizmente" ou "infelizmente". Sempre pensei que a máquina só poderia ser mudada partindo de dentro. Contradizendo diretamente esse pensamento, durante 2 anos tentei enfrentá-la de frente. Resultado: a minha equipe e eu transformamo-nos num magnífico bibelot, um enfeite, num prêmio de greenwashing que é exibido em cima da prateleira da sala de reuniões da empresa. Cansei. Voltei para a área de negócios, onde eventualmente consigo imprimir, influenciar, provocar a mudança de forma menos espetacular, mais insidiosa, mas claramente mais duradoura. Pelo menos é como funciona o discurso de autoconvencimento.

Mas chega de explicações. Bola para a frente. A luta continua...

Até eu - que não lê jornais, não liga TV - já vi o reboliço provocado pela visita ao Brasil de uma certa blogueira cubana. A minha fonte de atualidade tem sido simplesmente o "mural" do caradelivro. Aproveito a complacência dos amigos altamente atualizados (e atuantes, para muitos) para manter o dedo no pulso do mundo). Assim acompanhei, não necessariamente nessa ordem:
  • A tentativa de redução da maioridade penal, visto como a solução para todos os males. Minha opinião? Que mais uma vez olhamos para o problema pela perspectiva errada. Then again...a minha perspectiva também pode estar errada...
  • A mediática volta de Renan, numa magnifica exibição/demonstração de maquiavelismo político (sem julgamento, gente. Sério, é apenas uma constatação).
  • A crise em Portugal e na Europa, em geral, que parece ser quase literalmente um poço sem fundo. As soluções de austeridade parecem não surtir outro efeito senão aumentar o descontentamento de um povo que parece estranhamente dócil ou anestesiado e exausto.
  • A renuncia do papa bento-não-sei-das-quantas e possível ascensão ao poder do primeiro papa negro, homofóbico e defensor da pena de morte. Aqui entre nós, espero que este ganhe. De verdade. Sem absolutamente nenhum cinismo ou ironia. Ele tem o meu voto.
  • A queda abismal de um herói na pessoa do corredor Oscar Pistorius que matou a namorada no dia de São Valentim. Até hoje não percebi se afinal foi acidente ou crime passional mesmo.
  • Etc...
A última notícia - razão que me tirou do silêncio - foi a visita ao Brasil da blogueira cubana Yoani Sánchez, de quem nunca tinha ouvido falar. E qual é discussão desta vez? Uns acham que ela é uma mentirosa patológica financiada pela inteligencia dissidente cubana em conivência estreita com os corredores do poder estadunidenses. Outros acham que ela é o arauto heroico dos filhos renegados de Castro e Guevara. Então uns apedrejam e outros acolhem e protegem. É uma situação que me lembra muito esta imagem sobre a guerra entre crentes e ateus. Sem conhecer a tal blogueira - e sem paciência para investigar mais - eu diria que provavelmente a "verdade" há de estar algures no meio do caminho entre o fanatismo dos dois lados do muro.

Coerência? Para quê?

Don't get me wrong. O meu coração sociopolítico está também mais para o lado esquerdo. Daí a acreditar cegamente em contos de fada, vai um mundo.

O regime cubano é perfeito? Certamente que não. Lembro-me de ter ficado chocado de ouvir o Che dizer, em 64, perante a ONU
“Fusilamientos, si. Hemos fusilado. Fusilamos y seguiremos fusilando mientras sea necesario. Nuestra lucha es uma lucha a muerte”
Já escrevi neste blog, o que penso sobre a corrupção do poder. Há ou houve violações de liberdades básicas em Cuba, não tenho dúvida. Eu disse algures que o comunismo - como o capitalismo, aliás - são conceitos espetaculares. Conceitualmente. Na prática sofrem do mesmo defeito: não deram a devida atenção ao ego do homem. Simples assim.

Mas, continuando o raciocínio, certamente muita coisa em Cuba não é perfeita. Certamente que, mesmo que ela tenha um olhar parcial sobre o país dela, a blogueira diz ou disse muitas verdades, apresentou para o mundo muitas realidade que o poder local não gostaria de ver divulgadas. É de conhecimento de todas as pessoas minimamente informadas de que o regime de Cuba nunca lidou particularmente bem com a oposição. Podem sempre usar a estratégia da avestruz, se quiserem. Não tenho a mínima dúvida sobre isso. E não vejo absolutamente nenhum problema com o fato da Yoani Sánchez divulgar e/ou apontar isso. Desde que ela não invente. Não é preciso ser um gênio para perceber e aceitar, que sem oposição não existe democracia. Não é como se eu estivesse a inventar a pólvora ao dizer isso. Posso não concordar com o que ela disse, mas daí a vilipendiá-la como se ela fosse a última responsável pelo genocídio do Ruanda? Haja bom-senso. Não me recordo quem, mas alguma figura disse um dia algo como "não concordo com o que dizes, mas lutarei até á morte pelo direito de o dizeres".

Por outro lado, mesmo longe de ser perfeito, um outro ponto de vista sobre Cuba foi filmado pelo Michel Moore no documentário "Sicko". Ali, a avaliação é que, com muito sofrimento, o regime garante uma série de benefícios para todas as classes sociais do país - saúde e infraestrutura, essencialmente - de forma justa e igualitária, algo que não existe nos estados unidos.

Duas face da mesma moeda, dois pontos de vista sobre o mesmo assunto, dois prismas, duas perspectivas de duas pessoas inteligentes - parto dessa premissa. Qual é a chance de só uma delas ter razão? No mínimo têm em comum uma visão panfletária do planeta. Muitos vão escolher campos, mas tenho sérias dúvidas se esse é o caminho...