quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Gênios bons e gênios maus...

É. Leram bem. O texto é sobre esse tema mesmo. Já faz algum tempo que não escrevo no blog, muito por causa da minha péssima gestão de tempo. Espero que me desculpem :)

Há uns meses atrás eu lia ou via na TV sobre um traficante de droga que acabara de ser preso. Após a prisão dele, a policia descobria pouco a pouco toda a rede montada para suportar o “negócio”: onde o produto era fabricado, como era comprado, onde era entregue para transformação, como era manuseado e empacotado, as rotas de distribuição para a sua rede local, como os clientes sabiam da chegada (publicidade viral), como pagavam, como o dinheiro era controlado e lavado, como funcionava o sistema de remuneração dos intervenientes da cadeia de produção e distribuição, partilha de lucros, gestão da força de vendas (força literal), proteção e expansão de território etc, etc. Um operação assustadoramente complexa, gerida a partir de um esconderijo, com um caderno e um lápis.

Ao observar toda a apresentação eu me lembrei da trilogia The Godfather (O Poderoso Chefão). É um dos meus filmes preferidos e acendeu um fascínio pela máfia e o crime organizado. Fascínio voyeurista, ok? Não tenho mínima vontade nem intenção de ser criminoso, como devem imaginar. Mas fico abismado como essas organizações funcionam tão eficientemente, da visão empresarial da coisa, apenas estão do lado errado da lei. Este “do lado errado da lei” me fez sorrir ironicamente agora. Quantas vezes já vimos empresas “do lado certo da lei” cometer delitos com efeitos tão graves e odiosos quanto os da máfia, com base no mesmo sentimento partilhado pelos lordes da droga: ganância! Vêm-me à memória o escândalo da Enron, por exemplo. Mas adiante. Provavelmente isso é assunto para outro texto.

O economista Steven Levitt e o escritor Stephen Dubner, co-autores do Freakonomics (se não leram ainda, aconselho), fizeram entre outras coisas bem interessantes, a comparação entre o funcionamento de uma operação de narcotráfico e de uma empresa. As similaridades são impressionantes. Mas eu não quero me estender nesse quesito. A minha dúvida é outra. Eu pergunto-me se esses mafiosos ou bandidos funcionariam bem “no lado bom da força”, entendem? Será que se a gente pegasse num Fernandinho Beira-Mar e entregasse a gestão de uma empresa, ele teria sucesso? Quantas vezes a gente disse de tal bandido “que pena que ele não é do bem!”. E se fosse? Será que o gênio de uma pessoa é independente da sua ética, dos seus conceitos morais, do seu civismo? Ou melhor dizendo, será que se mudarmos a variável “ilegal” para “legal”, o problema ficaria resolvido? Não tenho resposta para esta questão. Pronto, está dito.
 
Prometo um texto mais feliz antes do fim do ano ;)
 
Abraços!